O serviço que será executado no Porto de Santos envolve a manutenção das profundidades do canal do porto, dos acessos aos berços de atracação e dos 59 berços do porto. Com o plano há a perspectiva da vinda de navios de grande porte num horizonte curto. O próximo edital, do PND 2, que não tem data definida, será lançado dando prioridade aos portos de Paranapaguá (PR) ou Fortaleza (CE).
Para o processo de dragagem existem duas maneiras usuais que é por sucção e recalque ou por escavação. Com auxílio de dragas de sucção e recalque, é possível executar a remoção de materiais sólidos do fundo de corpos d’água como lodo e areia. São utilizadas máquinas de pequeno ou grande porte, que usam bombas para realizar a sucção. “O bombeamento dos sedimentos é conduzido para áreas de adensamento, por tubulações em grandes máquinas de dragagem como a Draga Hopper, os sedimentos são então armazenados na própria cisterna do equipamento e posteriormente descarregados no destino adequado”, explica.
Já o processo de dragagem por escavação utiliza escavadeiras a cabo ou hidráulicas. Estas máquinas podem trabalhar nas margens ou embarcadas sobre batelões retirando os sedimentos do fundo das lagoas, rios ou mar e depositando nas margens ou sobre barcaças transportadoras. O processo de dragagem ocorre para o desassoreamento, alargamento, desobstrução, remoção, derrocamento ou escavação de material do fundo de rios, lagoas, mares, baías e canais de acesso a portos. O principal objetivo é realizar a manutenção ou aumentar a profundidade.
“Todo o processo de dragagem necessita de um estudo preliminar para a análise da necessidade de outros estudos específicos e projetos técnicos. Normalmente é feita a sondagem geotécnica, o estudo batimétrico e a análise ambiental dos sediementos. Na sondagem geotécnica são analisados aspectos como a compactação e granulometria dos sedimentos. Já a batimetria analisa as irregularidades do leito e quantifica o material que será dragado. É de suma importância o estudo ambiental da área, pois através dele é retirada a amostra dos sedimentos e são realizadas análises laboratoriais para detecção de possíveis contaminações, pois caso haja uma contaminação é necessário executar um processo conforme a legislação ambiental”.
O tratamento do material contaminado pode ser feito através de tubos geotêxteis, que permitem o escoamento do líquido através dos poros do geotêxtil, retendo as partículas sólidas floculadas, reduzindo o teor de umidade e devolvendo a parte líquida novamente a sua origem. Em outros casos também é utilizada a centrifugação, que é feita por unidades móveis. A técnica permite fazer a remoção e o adensamento de lodo e os sedimentos no próprio local, eximindo desta forma a necessidade de uma obra estrutural. Já o flotador é um equipamento capaz de separar partículas suspensas, como metais pesados, através da geração de microbolhas que fazem uma mistura homogênea de todo o afluente.
Existem diversos tipos de dragas utilizadas comumente neste tipo de operação, elas são classificadas como mecânica, hidráulica e mista (mecânica/hidráulica), sendo cada uma dotada de diferentes tipos de mecanismo e operação. As dragas de sucção são divididas em dois grupos: aspiradoras e cortadoras. A sucção pela aspiradora é feita por meio de um grande bocal de aspiração. Com o auxílio de jatos de água, o material é desagregado e através de aberturas no bocal é aspirado e levado junto com a água aos tubos de sucção. Este bocal é mais utilizado para tratar materiais finos e de fraca coesão, em cortes rasos, sendo limitado para materiais coesivos e para o corte em bancos, onde há o risco do material desmoronar sobre o bocal e impedir a sucção. Já as dragas hidráulicas, ao aspirar o sedimento, trazem consigo uma quantidade expressiva de água. Conforme os tanques das barcaças e de dragas auto transportadoras ficam cheios, é necessário eliminar esta água em excesso para que ela transborde para fora da embarcação. Este processo é denominado de overflow.
Os equipamentos de dragagem mais utilizados são as dragas hopper ou auto transportadoras “trailing hopper suction dredger”, indicadas principalmente para operações em alto-mar e em solos de difícil sucção, especialmente nas obras de aprofundamento de canais de acesso a portos, aterro hidráulico, derrocamento, entre outras aplicações. As dragas de sucção e recalque com desagregador “cutter suction dredger” são ideais para o desassoreamento de lagoas, rios, estudos ambientais, represas, canais e tanques de lodo, extração de areia, retirada de camada vegetal e aguapés, entre outras utilidades.
O maior desafio em um processo de dragagem é quando há a ocorrência de contaminação na área. “Neste caso é preciso desenvolver um projeto de descontaminação que atenda corretamente a legislação ambiental, assim como uma técnica de execução com um custo financeiro acessível para os contratantes. Geralmente as licenças ambientais nesses casos são demoradas e exigem sempre uma técnica de execução complexa e descarte apropriado dos resíduos (sedimentos contaminados), acarretando desta forma aos contratantes um custo alto de execução da obra e da empresa contratada.
Fonte: Revista Fundações & Obras Geotécnicas, por Dellana Wolney